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Especial Halloween | Clássicos do Terror

Aproveitando a data comemorativa, reunimos em uma seleta lista, grandes clássicos do terror que são obrigatórios para qualquer fã do gênero


Clássicos do Terror
Foto: Reprodução / Halloween (1978)


"Doces ou travessuras?". Halloween ou Dia das Bruxas como é conhecido por aqui, é uma das festas mais antigas do mundo. Segundo historiadores, sua origem está em países celtas, como a Irlanda e Escócia que realizavam um festival pagão desde o século 18 para simbolizar o fim do verão. O festival que é intitulado de "Samhain", durava três dias e começava em 31 de outubro, sendo uma homenagem ao "Rei dos mortos". O evento era caracterizado por fogueiras e celebração da abundância de comida após a época de colheita.

Com a chegada aos Estados Unidos a partir da migração de irlandeses no século 19, o significado e as características do Halloween sofreram alterações. As fantasias, doces e abóboras viraram sinônimos do evento por lá, e hoje, foi devidamente incorporado à cultura pop. Mesmo não sendo uma festa típica brasileira, quem nunca quis sair pelas ruas fantasiado pedindo doces no último dia do mês de outubro?

Ainda que subestimado por muitos, o Halloween é a data de maior influência folclórica do cinema, especificamente pelo gênero de terror. Nesta seção, preparamos uma seleta lista de clássicos do terror da sétima arte que ficaram marcados e que são lembrados até os dias atuais.


Psicose (1960)

Psicose (1960)

Psicose é uma adaptação do romance homônimo de Robert Bloch (escritor americano de histórias de terror), lançado em 1959, que mais tarde também seriam responsáveis por inspirar O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes. Sua narrativa foi baseada no caso do serial killer americano Edward Theodore Gein na década de 50 e, relata-se que o diretor teria adquirido os direitos da história e comprado todos os exemplares do livro, para que ninguém soubesse o final por antecedência. Sendo assim, o enredo ganhou destaque no cinema por Alfred Hitchcock, que através da sétima arte, mesmo com o baixo orçamento, contribuiu imensamente com o terror e seus subgêneros, criando e validando o horror moderno.
 
A película hitchcockiana conta a trajetória de Marion Crane (Janet Leigh), uma secretária que ao se ver sem dinheiro para o casamento, decide furtar 40 mil dólares de seu chefe, fugindo de Phoenix no Arizona, dirigindo. No decorrer da viagem a moça passa por diversos imprevistos, incluindo a perseguição de um policial e um temporal que a obriga a passar a noite no Motel Bates, um lugar que guarda segredos assustadores. 

A forma com que Hitchcock nos faz acompanhar a fuga de Marion detalhadamente – aproximando-nos da personagem com uma câmera rente ao seu rosto, em médio plano e close-up – , acaba fazendo com que nos tornemos cúmplices da moça, passando a sofrer por ela, de certa forma simpatizando por seus atos.O ano de 1960 foi presenteado com um dos melhores filmes da sétima arte. Psicose é um clássico atemporal que, para o bem ou para o mal, inspirou vários outros filmes voltados para o terror e suspense. Apesar da ousadia em inovar, o longa recebeu 4 indicações ao Oscar, ganhando um Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante.


O Bebê de Rosemary (1968)

O Bebê de Rosemary (1968)

Não há dúvidas de que a década de 1960 foi um marco para a história do cinema mundial. Nomes como Stanley Kubrick, Woody Allen, Robert Altman, Francis Ford Coppola, Brian de Palma, Martin Scorsese, Milos Forman, entre outros, integravam o time de cineastas que se destacaram nos anos 60 por produzirem filmes mais realistas e que abordavam temas como política, violência, sexo, drogas, etc.

No mundo contemporâneo do cinema, as pessoas são levadas a entender que para um filme se enquadrar como terror é necessário que ele apresente elementos sobrenaturais visíveis, assassinos psicóticos ou monstros das mais distintas naturezas. Grandes obras como Psicose (1960), O Iluminado (1980) e O Exorcista (1973) utilizaram dessa "receita". 

Baseado no livro homônimo de Ira Levin, a trama de O Bebê de Rosemary foi construída detalhadamente como um terror psicológico, indo contra aos padrões como sangue, gritos e sustos. Desta forma, apesar do clássico de Roman Polanski de 1968 não mostrar o que grande nomes do gênero fazem questão de exibir, ele não deixa de assustar ou envolver o espectador. Pelo contrário, chega a ser um terror angustiante.

A história gira em torno de Rosemary e Guy Woodhouse (Mia Farrow e John Cassavetes), um jovem casal que está em busca de um lar para iniciar a vida, que acabam se mudando para um apartamento em Nova Iorque. Lá, passam a conhecer e ter amizade com Minnie e Roman Castevet (Ruth Gordon e Sidney Blackmer), um casal idoso de vizinhos, cuja a inconveniência e proximidade sem limites, causando uma amizade invasiva, acaba incomodando Rosemary. O passado sinistro do edifício – no qual já ocorreram seitas macabras, rituais canibais – não demora a se revelar.  Com a gravidez da jovem, acontecimentos ainda mais estranhos a levam a proteger seu filho contra todos.

O longa concorreu em duas categorias do Oscar de 1969: melhor atriz coadjuvante (Ruth Gordon) e melhor roteiro adaptado (Roman Polanski), além de indicação ao BAFTA de 1970 como melhor atriz (Mia Farrow), rendendo um Oscar e um Globo de Ouro na categoria de melhor atriz coadjuvante.


A Noite dos Mortos-Vivos (1968)

A Noite dos Mortos-Vivos (1968)

A temática zombie está cada vez mais presente e relevante na cultura pop, seja nos video-games com o sucesso de Resident Evil, nos quadrinhos e na televisão com The Walking Dead, na literatura com Eu sou a Lenda (Richard Matheson) e até na música com Thriller, de Michael Jackson. A Noite dos Mortos-Vivos, primeiro filme dirigido por George A. Romero, é considerado um dos pioneiros do subgênero de terror de apocalipse zumbi, o longa influenciou a cultura popular por conta de suas técnicas inovadoras e críticas sociais, sendo catalogado ao Registro Nacional de Filmes pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos em 1999. 

Em seu primeiro filme que foi gravado em preto e branco, George Romero apresenta uma narrativa direta sobre um grupo de sete sobreviventes em uma casa de campo, tentando fugir do apocalipse zumbi. Romero que sempre aproveitou os roteiros de suas produções para inserir críticas sociais inteligentes e pertinentes, além de elementos políticos como a influência do consumismo desenfreado na sociedade, a injustiça e o abismo entre as classes sociais, bem como a época marcada pela Guerra do Vietnã, em que o longa de terror foi lançado. Além da guerra, 1968 foi o ano da morte de Martin Luther King e de grandes manifestações pelos direitos das minorias nos EUA. O diretor escalou Duane Jones, um ator negro, para ser protagonista no papel de Ben, o transformando em um líder. Há também um grande crescimento da personagem Barbara (Judith O'Dea), evidenciando também o poder das mulheres na trama.

A Noite dos Mortos-Vivos foi marco do subgênero por seus aspectos técnicos no trato mais realista dos zumbis contemporâneos, além claro, da crítica por de trás da película. No canibalismo dos zumbis de Romero é que raízes da técnica de derramamento de sangue visualmente explícito – o gore –  crescem, se tornando hoje uma das marcas do horror comercial. Outra ideia difundida a partir longa de 1968 foi a forma dos cadáveres mortos-vivos se locomoverem, cambaleando e arrastando as pernas, "esfomeados", algo que se tronou lei nas produções do subgênero.


O Exorcista (1973)

O Exorcista (1973)

É impossível não pensar em O Exorcista quando se trata de filmes sobre possessão demoníaca e exorcismo. Dirigido por William Friedkin e distribuido pela Warner Bros em 1973, o roteiro do longa foi assinado por William Peter Blatty, autor do romance homônimo baseado em fatos reais que aconteceram nos Estados Unidos com Robbie Manheim de 14 anos, em 1949. O longa é tão assustador que histórias e mistérios por de trás da produção do filme intrigam até os dias de hoje.

Em O Exorcista, o público é apresentado para uma família onde Chris MacNeil (Ellen Burstyn), uma atriz que gradativamente vai tendo consciência de que sua filha de doze anos Regan MacNeil (Linda Blair), está tendo um comportamento fora do normal e assustador. Ao decorrer, a menina apresenta uma série de convulsões e comportamentos agressivos, com força para agredir facilmente qualquer pessoa ao seu redor. Após diversas tentativas de tratamentos, ela pede ajuda a um padre que também é psiquiatra, chegando a conclusão de que a garota está possuída pelo demônio. Ele solicita então a ajuda de um segundo sacerdote, especialista em exorcismo, para tentar livrar a menina desta terrível possessão.

A direção de William Friedkin frente ao longa acaba se tornando um exemplo a ser seguido por demais diretores do gênero. O filme possuí apenas um jump scare, utilizando com maior intensidade ferramentas de aspecto sonoro e imagético.

Dentre os mistérios e eventos sobrenaturais que ocorreram durante a gravações estão as mortes, ao todo, nove pessoas ligadas a produção do filme morreram de forma suspeita, entre elas os atores Jack MacGowran e Vasiliki Maliaros, o avô de Linda Blair, um segurança no set e um especialista em efeitos especiais. Não podemos esquecer também que, durante as gravações, o set de filmagem pegou fogo de forma misteriosa. No entanto, apenas o quarto de Regan MacNeil não foi atingido. Para quem não sabe, este é o local em que a personagem é possuída. São tantas curiosidades assustadoras que assombram o filme, que seria necessário uma matéria especial e detalhada!

Sendo contemplada com nove indicações, O Exorcista foi a primeira produção do gênero a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme, vencendo duas: melhor roteiro adaptado e melhor som. O filme ainda foi indicado ao BAFTA de melhor som, e também esteve na importante premiação Globo de Ouro, onde ganhou quatro estatuetas: melhor filme – drama, diretor, atriz coadjuvante para Linda Blair e roteiro.

O Massacre da Serra Elétrica (1974)

The Texas Chain Saw Massacre (1974)

As décadas de 1960 e 1970 ficaram marcadas por darem início a uma nova era dentro do gênero terror no cinema. A busca era por renovar elementos já saturados dos anos 1930 a 1950, pós Segunda Guerra Mundial, nos EUA. A transição dos anos 50 e 60 foi feita pela exploração em elementos já vistos anteriormente só que de uma forma inovadora, apesar do baixo orçamento. 

A trama de O Massacre da Serra Elétrica conta a trajetória de um grupo de amigos em viagem pelo interior do Texas que, ao ficarem sem gasolina procuram ajuda em um matadouro. O local é horripilante e macabro, repleto de móveis feitos à base de ossos humanos, sendo moradia de uma família de maníacos canibais onde vive o psicopata que tem o costume de revirar túmulos, além de perseguir as suas vítimas com uma serra elétrica, utilizando meios sádicos e sangrentos para os seus assassinatos.
Sua história aterrorizante é baseada em fatos reais, mais especificamente no assassino Edward Theodore Gein, que também serviu de inspiração para Psicose (1960). O clássico setentista foi dirigido por Tobe Hooper, que posteriormente faria ainda mais sucesso com Poltergeist (1982) – o colocando no hall de grandes mestres do terror –, sendo o pioneiro e um dois maiores clássicos do subgênero slasher movies. O longa marcou tanto que após quase 5 décadas continua sendo referência e influências para várias peças de entretenimento da cultura pop, desde livros, longas à jogos de vídeo-game que se inspiraram na história de Leatherface, um assassino que usa uma máscara de pele humana e decora a sua casa com parte do corpo de suas vítimas.


Carrie, a Estranha (1976) 

Carrie, a Estranha (1976)

Diferente de muitas produções clássicas, o terror contido em Carrie, a Estranha não vem de criaturas sobrenaturais, serial killers ou monstros. Mas sim do fanatismo religioso e do preconceito, elementos carregados de repulsa e ódio. Carrie White (Sissy Spacek) é uma garota comum, mas que recebeu uma criação conservadora e abusiva, privando ela de diversos conhecimentos e experiências de em âmbitos sociais. Desta forma, Brian De Palma faz jus à obra de Stephen King, transformando a adaptação em um estudo profundo e complexo sobre temas que permanecem atuais até os dias de hoje, bem como o bullying que é sofrido pela protagonista, a descoberta da sexualidade e o fanatismo religioso.

A personificação de Carrie revela uma jovem aterrorizada e solitária, oprimida por sua mãe Margaret White (Piper Laurie) uma fanática religiosa que classifica a primeira menstruação da filha como "punição divina". O tratamento hostil e a humilhação sofrida pela vítima, além do sentimento claustrofóbico e opressão causada, faz Carrie entrar em fúria e atingir o ponto central do longa. A garota se surpreende ao descobrir que tem poderes telecinéticos, podendo mover objetos e explodir lâmpadas. 

Carrie, a Estranha possuí temáticas atemporais, que na época estavam começando a ser discutidas, se mostrando atuais por conta da opressão sofrida pela personagem principal, já que grande parte dos fanáticos religiosos ainda buscam o completo isolamento ideológico e comportamental, mais especificamente quando seus dogmas e ideais são questionáveis. 

Halloween – A Noite do Terror  (1978)

Haloween (1978)

Influenciados por O Massacre da Serra Elétrica de 1974, os slasher movies se tornaram um subgênero muito presentes nas produções hollywoodianas, surgindo com eles, figuras icônicas mascaradas. Halloween (1978) contribuiu bastante para o movimento, a obra-prima incansavelmente aterrorizante de John Carpenter traz o serial killer Michael Myers de volta à cidade fictícia de Haddonfield, em Illinois, após ficar internado por 15 anos em uma instituição psiquiátrica por ter assassinado sua irmã na noite de Halloween. Por lá, ele vai continuar sua série de crimes até encontrar a protagonista Laurie Strode. 

Com seu estilo de filmagem cuidadoso e inteligente em provocar medo e incômodo frente às telonas, Carpenter foi um dos nomes mais influentes do suspense e do terror, ao longo das décadas de 1970 e 1980. O longa é constituído por uma atmosfera voltada para medo e terror psicológico constante, dispensando a dependência dos jump scares. A partir do uso de travelling e steadicam em movimentos que constroem uma estética em plano longo de filmagem, ele buscava deixar o público desconfortável pelo fato de não se saber quando será o primeiro ataque, ainda que Myers seja frequentemente mostrado ao fundo observando suas vítimas. 


O Iluminado (1980)

O Iluminado (1980)

Após obras marcantes como Dr. Fantástico (1964) e Laranja Mecânica (1971), Stanley Kubrick mergulhava no gênero que ainda não havia explorado e para não perder o costume, criou um clássico, obrigatório para qualquer fã de terror.  

Adaptado do livro homônimo de Stephen King, a obra apresenta uma visão um tanto diferente daquela idealizada pelo escritor, construindo uma experiência mais voltada pelo sensorialismo. 

Desta forma, criando a seu gosto, Kubrick relata as consequências que o personagem Jack Torrance (Jack Nicholson) terá, ao aceitar a oportunidade de tomar conta da manutenção do Hotel Overlook, durante o inverno com sua família, a fim de se livrar do seu bloqueio criativo. Com o decorrer do tempo, Danny, filho de Jack, começa a se atormentar com premonições por seu dom, que é explicado pelo filme como iluminação, onde a personagem consegue ter visões do passado, presente e futuro por meio de um amigo imaginário, além de habilidades relacionadas à telepatia. O escritor descobre os segredos sombrios do hotel e começa a se transformar em um maníaco homicida, aterrorizando sua família.

Por conta de sua profundidade, detalhes e complexidade, O Iluminado é um filme que induz o espectador a uma imersão, tendo sensação de estar ali encurralado com os personagens em um ambiente confuso.  Ao mesmo tempo que nos entrega grandes atuações, sendo considerado um dos melhores filmes produzidos por Stanley Kubrick, que não só serviu para ser odiado por Stephen King e arrumar briga com o autor, mas também para consagrar como um clássico atemporal do gênero de terror nos cinemas, algo que talvez o ego de Stephen não aceite.


Poltergeist (1982)

Poltergeist (1982)

Depois das décadas marcadas pela genialidade e talento em longas como O Bebê de Rosemary, Psicose, e O Exorcista, além claro do clássico oitentista O Iluminado de Kubric, Poltergeist chegava para deixar sua marca no gênero terror em 1982. O longa é dirigido por Tobe Hooper, um nome notório e reconhecido em produções de terror, ganhando prestígio por conta de sua direção no marcante O Massacre da Serra Elétrica. Porém, o sucesso do filme é sempre atrelado a Steven Spielberg, idealizador e roteirista do projeto. Assim como O Exorcista, fatos misteriosos assombraram e aterrorizaram os bastidores do filme, que foi considerado "amaldiçoado". 

Poltergeist narra o cotidiano da família Freeling, que havia se mudado recentemente para uma casa no condomínio projetado pela construtora em que Steve (Craig T. Nelson) atua como corretor. A família é constituída por sua esposa (Diane JoBeth Williams), e seus filhos Dana, Robbie e Carol Anne (respectivamente Dominique Dunne, Oliver Robins e Heather O'Rourke). Mas, uma estranha interação passa a se estabelecer entre a garotinha Carol e vozes que saem da televisão, a partir daí, objetos começam a se mover sozinho, como móveis e talheres. Os espíritos parecem amigáveis no começo, mas tornam-se ameaçadores inesperadamente quando a filha do casal desaparece. Os pais procuram a ajuda de parapsicólogos e exorcistas para recuperar a menina.

Toda essa ambientação paranormal, sobrenatural e o desenrolar da trama que envolvem a família Freeling fazem de Poltergeist um exemplo no subgênero. Os efeitos visuais e sonoros também se destacam e renderam ao filme três indicações ao Oscar e um BAFTA.


O Enigma de Outro Mundo (1982)

O Enigma de Outro Mundo (1982)

Após grande sucesso em produções como a trilogia Halloween, que o consagrou como um mestre do terror, John Carpenter retornava a cena trazendo um longa focado no subgênero sci-fi horror. Mescla de ficção científica e horror, O Enigma de Outro Mundo traz um tema central bastante curioso que acaba prendendo o espectador do começo ao fim, nos deixando horrorizados em vários momentos com o desenrolar da história.

A trama se passa na Antártica em 1982, na base do Instituto Nacional de Ciências dos Estados Unidos, onde um grupo de cientistas é perturbado por um helicóptero norueguês que tenta de todas as formas matar um cão que foge desesperadamente na neve. Ao tentarem socorrer, acabam sendo atacados pelo cão e logo descobrem que o animal é na verdade uma espécie de parasita alienígena, que mata e pode assumir o lugar de suas vítimas, criando uma cópia exata do corpo, criando uma atmosfera paranoica de quem é realmente humano dentro do grupo. Desta forma, eles precisam capturar a estranha criatura antes que seja tarde demais. O roteiro é uma readaptação do conto Who Goes There?, de John W. Campbell.

Apesar de inicialmente incompreendido, – tendo em vista toda rejeição pelo público e crítica especializada que o massacrou no lançamento – o longa se consagrou como um clássico, encontrando seu espaço na história do cinema e influenciando vários filmes até os dias atuais por conta de sua inovação com o subgênero.

80 anos de John Lennon

O legado e a importância do lendário músico e ativista da paz


John Lennon
Foto: Bob Gruen / Reprodução Facebook - @johnlennon


John Winston Lennon
nasceu em 9 de outubro de 1940, proveniente da classe operária inglesa em Liverpool, uma cidade que tinha grandes traços industriais, John cresceu no período da Segunda Guerra Mundial e, no dia de seu nascimento, sua cidade foi bombardeada pelos nazistas. 

Filho de Julia e Alfred Lennon, seu nome foi uma homenagem ao avô John e a Winston Churchill, o primeiro-ministro da época. Sofreu cedo com a separação dos pais aos 4 anos e foi morar com sua tia e após esse periodo complicado, vinha reecontrar sua mãe e ganhar seu primeiro instrumento, uma guitarra. Nessa época, já se interessava por música e literatura, pelos discos de Elvis Presley e pelas aulas de banjo. No mesmo período John e alguns amigos do colégio criaram a The Quarrymen, sua primeira banda de skiffle – um gênero derivado do folk com influência de jazz e blues. Durante uma das apresentações do grupo, ele viria a conhecer Paul McCartney, que também virou integrante. John estava se aproximando de sua mãe novamente, porém esse recomeço durou pouco após Julia falecer em 1958. A morte da mãe foi um período traumático que marcou a vida do artista.

Assim como Lennon, Paul McCartney também havia perdido sua mãe logo cedo, talvez por conta disso, a amizade e a dedicação com a música tenha crescido entre os dois. Em 1958 George Harrison tocou tão bem Raunchy – uma canção instrumental composta por Bill Justis – para John Lennon e Paul McCartney, que convenceu Lennon a deixá-lo entrar para a sua banda, Quarrymen.

Com a entrada do novo baterista, Ringo Starr em 1960, The Quarrymen passava a ser conhecida como a lendária The Beatles. Tendo em vista que o significado é "Os Besouros", a escolha do nome foi uma homenagem para a The Crickets (Os Grilos). Embora sejam caracterizados pelo estilo dançante das canções iniciais, os Beatles representavam uma espécie de revolta contra as circunstâncias que eram impostas pelas classes dominantes dos jovens da época, que abraçavam o Rock. 



Apesar de ser considerado bem-humorado, a rebeldia de Lennon começou a aflorescer desde a adolescência, com o abandono pelos país e posteriormente, a morte da mãe. Ainda assim, não era reconhecido como um músico voltado para pautas políticas e de militância na época, o que viria a acontecer mais tarde.


John Lennon pacifista

O espírito pacifísta surge no fim da década de 60, com o surgimento de diversas manifestações contra a invasão imperialista no Vietnã, entre 1967 e 1968, onde Lennon adota posições pacifistas em defesa da paz e do amor, contra a guerra.  Ao lado de Yoko Ono, participava de manifestações e escrevia canções. No período compôs o clássico All You Need is Love, ao lado de McCartney. 

A década que viria a ser marcada pela indignação que abalou a cultura, chegando também em outros setores da sociedade, como os protestos, principalmente nos EUA, em favor da igualdade de direitos civís dos negros, o assassinato de Martin Luther King, a Guerra do Vietnã e entre outros países onde jovens se rebeleram contra o status quo. Dentro desse aspecto, surge Revolution composta pela dupla Lennon-McCartney, como single do lado B de Hey Jude.



No período de uma semana, os recém-casados Yoko Ono e John Lennon passaram a lua de mel na cama da suíte presidencial do Hotel Hilton em Amsterdã, na Holanda. A curiosidade do fato é que, todos os dias, recebiam jornalistas e fotógrafos do mundo inteiro para divulgarem seu bed-in for peace, uma campanha pela paz, contra a Guerra do Vietnã. E é etapa que surge o Lennon "hippie", como alguns gostam de rotular, esquecendo da representatividade do músico em sua trajetória de atuação política.

Com a realização dos bed-ins, John Lennon vinha a compor Give Peace a Chance, para uma campanha que durou quase dez meses, entre março e dezembro de 1969. Dada a inserção no âmbito crítico à política em suas campanhas e composições, John Lennon criava conexões com grupos militantes e outros artistas anti guerra da época. Os Estados Unidos era o principal responsável pela invasão ao Vietnã e tal mudança acarretou em uma inicial proibição de realizar seus protestos em Nova Iorque.




Apenas em 1971, depois da separação dos Beatles, é que o casal, finalmente, se muda para Nova York.Por lá, viveram em dois locais, o primeiro deles um apartamento em Greenwich Village, e o segundo, o Edifício Dakota, na esquina da 72nd Street e o Central Park. Por terem ligação com partidos de esquerda, foram investigados pelo FBI, perseguidos e ameaçados de deportação. Gravaram dois álbuns juntos,  Imagine Live in New York City e o Double Fantasy

Se estivesse vivo, John Lennon estaria completando hoje 80 anos. Ao menos o seu legado o mantém vivo, nas canções e obras que influênciam o cenário da música até os dias de hoje.

Led Zeppelin III completa 50 anos

Banda mergulhava para novos caminhos e gêneros musicais em um disco que dividiu boa parte do público e crítica nos anos 70


Led Zeppelin
Foto: Divulgação


Após o grande sucesso em seus dois primeiros discos, que ficaram marcados por Good Times Bad Times, Whola Lotta Love, Ramble On, entre outras, o Led Zeppelin rumava por novos caminhos e experiências sonoras, buscando expandir o seu horizonte. O hype em torno do terceiro disco da banda era enorme, que na época era a de maior sucesso no mundo. Desta forma, uma mudança drástica no aspecto musical e na sonoridade talvez não seria recebida tão bem pelo público. Entretanto a banda se viu num momento de renovação e evolução sonora. 

Então, Jimmy Page e Robert Plant reuniram o grupo e começaram a compor Led Zeppelin III em uma viagem à um chalé chamado Bron-Yr-Aur, em um local isolado e de ambientação natural que certamente influênciou na produção, no País de Gales. O disco foi concebido em outubro de 1970 e está completando 50 anos.

Mesmo tendo um dos maiores hits da banda – Immigrant Song que traz referências à mitologia nórdia, e inspirada no show que fizeram na cidade de Reykjavik, na Islandia em junho de 1970 –, o disco não foi tão bem recebido em primeira impressão pela crítica em 70. Há quem ousa em dizer que é o pior disco dos Zeppelin por conta da forte influência folk em sua composição.



Porém, embora tenha tido uma certa rejeição inicial com a divisão dos fãs e crítica, que não esperavam uma produção deste tipo vindo da banda, o disco III viria a ganhar a posição de número um nas paradas rapidamente.  Apesar da levada e influência folk, ainda trazia algumas faixas mais "pesadas" – como alguns costumam dizer –, apresentando também um blues magnífico em Since I've Been Loving You

Tangerine é uma das canções mais lindas e profundas compostas pelo grupo, uma reflexão sobre um amor que já passou em uma harmonia simplista, porém tocante, é pura poesia (uma das minhas preferidas).



Não podemos esquecer também de Out on the Tiles, uma das canções mais subestimadas dos Zeps que segundo Jimmy Page foi inspirada em uma brincadeira com o baterista John Bonham, que tinha o hábito de cantar rap quando bebia em suas noites de relaxamento e, durante o processo da composição da faixa, Page lembrou desses momentos para criar o solo da canção.

Led Zeppelin III é uma obra-prima, nos mostrando talento de jovens músicos que não ficaram estagnados em cartilhas que devem ser seguidas por bandas de rock, buscando uma evolução sonora e um experimentalismo, transcedendo e mergulhando em outros gêneros musicais e aspectos sonoros, no caso do III, o folk. 







Led Zeppelin III

50 anos sem Jimi Hendrix

Conheça um pouco do legado revolucionário, de um dos maiores nomes da música


Jimi Hendrix
Foto: Divulgação


Lá se vão meio século sem Jimi Hendrix. Ainda que seja bastante tempo desde sua partida, ele ainda continua presente e "vivo". Antes da sua partida prematura, o jovem James Marshall Hendrix dedicou seus 27 anos no planeta azul à música, principalmente à sua principal companheira, a guitarra. Canhoto, tocava de "forma invertida" e eternizou a consagrada Fender Stratocaster. 

Jimi Hendrix que é considerado em todas as listas como o maior guitarrista de todos os tempos era mais do que isso, seu estilo único revolucionou e influênciou grandes nomes da música até os dias de hoje. Segundo James, seu pai, Jimi começou a se interessar por música quando tinha 10 anos, ganhando sua primeira guitarra aos 12 e tinha tanta facilidade com o instrumento que aos 13 anos já tocava em bandas.

Como músico de apoio, Hendrix acabou tocando com mais de 40 grupos de R&B, acompanhando grandes nomes como Little Richard, Jackie Wilson, Wilson Pickett e outros. Porém, foi convencido por Chas Chandler, baixista do Animals na época, a ir para Inglaterra em 1966. Chegando em Londres formou a The Jimi Hendrix Experience e emplacou Purple Haze e Hey Joe no topo das paradas músicais do Reino Unido.

Suas apresentações e performances são memoráveis, como por exemplo em 1969 no últimno dia do Festival de Woodstock onde recriou o Hino dos Estados Unidos na guitarra, seguido de Purple Haze,o transformando em um ato contra a violência e de luta pela paz. Naquele momento o hino e o blues se fundiram em um protesto contra a Guerra do Vietnã. Momento que você pode conferir se quiser, logo abaixo:



Além disso, vale lembrar outros momentos onde Hendrix demonstrou tão absurda que eram suas habilidades com o instrumento, o tocando de varias formas, com a mão nas costas e acredite, até com os dentes. Porém, talvez um dos momentos mais importantes para a carreira de Hendrix, ocorreu em 4 de juinho de 1967, poucos dias após o lançamento do álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band aclamado dos Beatles.

Ele ficou tão fascinado pelo disco que tirou em poucas horas todas as músicas e decidiu abrir um show que seria realizado em Londres com a primeira faixa do álbum, sem avisar os parceiros de banda que ficaram surpresos com tal decisão e disseram que seria impossível, por conta da complexidade musical. Mas, a ansiedade ficou ainda maior quando foi revelado que Paul McCartney e George Harrison estavam na plateia, acompanhados de Eric Clapton, um grande ídolo de Jimi. A apresentação foi impactante e você pode conferir abaixo:


Meu primeiro contato com Jimi Hendrix foi ainda na infância, durante um passeio em uma exposição sobre o músico em São Paulo. Fiquei impressionado com seu estilo rebelde e com seu figurino. A partir desse ponto, comecei a me aproximar de sua história e a primeira vez que eu ouvi um solo de Hendrix foi impressionante. Foi uma das melhores exposições que fui em minha vida e que com certeza contribuíram para o meu interesse com a música. 

O blues, R&B e a psicodelia nunca mais foram mesmos após a voz e guitarra de Jimi Hendrix. A transformação de Hendrix transborda e foi além da música, impactando até na moda e na cultura pop.

Por que 'Alright', de Kendrick Lamar, é considerada a música da década e qual a sua importância

Música se tornou um hino em manifestações ao longo dos anos nos Estados Unidos


Alright, Kendrick Lamar
Foto: Reprodução/YouTube


No fim de 2019, a revista norte-americana Pitchfork, especializada em música, fez o seu ranking com as 200 melhores obras dos últimos dez anos. Na listagem havia nomes como Beyoncé, Tame Impala, Frank Ocean e Robyn. Um dos nomes mais importantes do rap no cenário atual, Kendrick Lamar teve sua música Alright no topo da lista, sendo considerada a música da década. Além disso, Kendrick aparece mais duas vezes com "DNA." e "Bitch, Don’t Kill My Vibe". (caso você queira, pode acessar a lista completa aqui).


A canção que faz parte do disco To Pimp A Butterfly tem grandes motivos para ser considerada uma das mais importantes da década passada. O trecho "We gon’ be alright" (Nós ficaremos bem) se tornou um grito nas vozes de pessoas em movimentos como o Black Lives Matter, durante manifestações nos Estados Unidos.

Estimasse que em 2015 tenha sido uma das primeiras vezes em que se ouviu o trecho durante um protesto do BLM (Black Lives Matter), contra a brutalidade policial e seletividade racial para esse tipo de violência, em Cleveland, Ohio. Isso fez com que a canção se tornasse um hino ou mantra, em manifestações contra a violência policial por lá.


Após o lançamento de To Pimp a Butterfly, Lamar foi entrevistado pelo crítico da cultura pop americana Miles Marshall Lewis, e revelou que foi durante uma viagem à África do Sul que lhe surgiu a inspiração para escrever a canção — especificamente na Ilha Robben, na cela em que Nelson Mandela esteve preso.

"Quatrocentos anos atrás, como escravos, oramos e cantamos canções alegres para manter a cabeça equilibrada com o que estava acontecendo", disse Lamar. "Quatrocentos anos depois, ainda precisamos dessa música para curar. E eu acho que 'Alright' é definitivamente uma daquelas que faz você se sentir bem, não importa a que horas sejam." Com Alright, Kendrick não só quis trazer uma crítica e uma luta contra o racismo, mas também uma esperança para as pessoas, resumindo o espírito de uma década que chega ao fim.

Nos dias atuais, estamos acompanhando a crescente série de manifestações e atos pedindo justiça pelo assassinato de George Floyd, cometido pela polícia de Minneapolis, nos Estados Unidos. "I can't breathe" (Eu não consigo respirar) foram as últimas palavras de George, asfixiado até a morte por um polícial branco. O ocorrido que teve vídeo gravado por testemunhas chocou o país e fez com que a força e indignação da população crescesse e da mesma forma que em Cleveland, Alright tem sido utilizada como mantra nas manifestações por todo o país — dando força aos movimentos locais. O assassinato de Floyd não só expõe a conduta violenta da polícia, mas também a desigualdade que afeta profundamente a vida dos negros nos Estados Unidos.

O racismo estrutural e a violência policial é um tema bastante tratado e imposto nas produções culturais, sejam elas filmes, séries, livros ou músicas. No caso das canções, acabam se tornando gritos, desabafos e trilha sonoras de momentos históricos do movimento negro, não só nos Estados Unidos mas no mundo. Isso mostra o poder e a riqueza que tem a arte e a cultura, na luta por um mundo menos intolerante e mais justo.
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